08 março 2016

Private equity terá melhor ciclo no país nos próximos dois anos, diz Apax

Os fundos que compram participações em empresas (private equity) farão alguns de seus melhores negócios no Brasil nos próximos dois a três anos. A afirmação é de John Megrue, um dos sócios fundadores da gestora britânica Apax Partners.

Com um total de US$ 38 bilhões em investimentos realizados em oito fundos, a Apax abriu escritório no Brasil no fim de 2013, mas não fechou nenhum negócio desde então. O único investimento da gestora até o momento no país foi a compra do controle da empresa de serviços de tecnologia Tivit, em 2010.

"Não temos pressão de fazer um número determinado de transações por ano ou por mercado, porque quando investimos nosso cheque é proporcionalmente maior", diz Megrue, que veio ao país para encontros com a equipe local. No Brasil, a Apax tem como meta investir de US$ 100 milhões a US$ 300 milhões por negócio (cerca de R$ 400 milhões a R$ 1,2 bilhão).

Embora considere um erro tentar acertar o melhor momento de se investir, o sócio da Apax diz que a retração da economia e a incerteza política diminuem a competição por ativos no Brasil. "Às vezes, as melhores oportunidades surgem nos momentos de maior ruído", afirma.

Para ele, do ponto de vista de um investidor de longo prazo, as condições hoje são melhores do que há três anos. "É lógico que, para isso, é preciso acreditar que o Brasil vai superar a crise, o que é o nosso caso", diz. Ele compara a situação atual do país à enfrentada pelas economias desenvolvidas na crise financeira de 2008. "Foi uma crise sem precedentes, mas olhando de uma perspectiva de duas ou três décadas, foi apenas mais um episódio, e acredito que será assim também no Brasil", afirma.
A expectativa da Apax é ser mais ativa no país nos próximos dois anos do que foi nos dois primeiros desde que abriu o escritório local. Megrue atribui o fato de não ter fechado nenhum investimento aos preços dos ativos brasileiros. "Muitos negócios chegaram nos anos anteriores, mas os preços estavam tão altos que a relação risco-retorno não compensava a possibilidade de qualquer tropeço na economia", afirma.

Olhando pelo retrovisor, a prudência acabou se revelando correta. Com a desvalorização cambial e a retração da economia, os negócios realizados pelos fundos de private equity com recursos de investidores estrangeiros dificilmente darão retorno em dólares. No mercado, fala-se de uma "safra perdida" de fundos que investiram no país entre 2010 e 2013.

A Apax também sofreu com a alta do dólar no investimento da Tivit. Apesar da perda cambial, Megrue se revela satisfeito com a companhia. "O impacto da moeda foi brutal para nós, mas felizmente a empresa tem feito um trabalho tão extraordinário que o crescimento do negócio vai compensar esse efeito", diz.

A gestora está neste momento em processo de captação de um novo fundo, que deve chegar a US$ 7,5 bilhões, mesmo volume do anterior, que ainda tem recursos para investir. "Se for necessário, também podemos usar recursos já comprometidos do fundo novo", afirma Walter Piacsek, responsável pelo escritório da Apax no Brasil.

No país, a gestora mantém a visão de que negócios nos setores de varejo, saúde, serviços financeiros e tecnologia e telecomunicações podem apresentar bons resultados mesmo com o quadro adverso na economia, segundo Piacsek.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 08/03/2016

08 março 2016



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